segunda-feira, 14 de abril de 2014

Alguns comentários #4

Quem amou o cinema mais do que Cosme Alves Neto?

Talvez o documentário de Aurélio Michiles, "Tudo por Amor ao Cinema!", exista para oferecer a resposta a essa pergunta.

Ninguém – é a resposta.

(Excerto retirado da publicação "Por Amor ao Cinema" da coluna do Inácio Araújo na Folha de S. Paulo)

Cosme Alves Neto tem sua história e não vou aqui negá-la de maneira alguma. Mas o estatuto de quem mais amou o cinema não pode ir a ele. Que me desculpem os opositores, mas quem mais amou e ama ainda o cinema sou eu. Estou aqui para reivindicar esse posto. Muito dificilmente - digo, de fato impossível - alguém que tenha realmente se emocionado e chorado após reconhecer tal beleza ímpar, pura, derivada de tal grandeza de espírito em uma cena específica e reveladora de filmes de diretores como F. W. Murnau, Howard Hawks, Kenji Mizoguchi, Ingmar Bergman, Jean-Luc Godard ou Hou Hsiao-Hsien como eu. Repito: impossível mesmo. Até em casos onde se possa enxergar um monumento de significados, aqueles momentos em que o poder de síntese dos universais, do autor-realizador, frente a histórias particulares cotidianas e banais se mostra com excelência - só eu senti e posso descrever tal experiência. Apenas eu consegui atingir o âmago do ser cinema. Apenas eu compreendo a totalidade e a potencialidade interna e externa da sétima arte. Entretanto, também compreendo e tenho completa consciência da atualidade, ou seja, do ato puro do cinema. Só eu consigo canalizar as forças das imagens que extrapolam a tela da sala de cinema. Não por menos que eu sou cinema e, por consequência, o cinema é eu. Por isso venho por meio deste reivindicar tal posto.

Poesia e brincadeiras à parte, é claro que todos os cinéfilos que tem por paixão primeira o cinema se identificou com o texto acima (era a pretensão, tomara que tenha funcionado). Quero aqui convocá-los, vocês cinéfilos verdadeiros, a reivindicar também tal posto. Mas também quero convocá-los para ganhar o espaço: o espaço das salas de cinemas, essas salas que estão cada vez mais vazias - vazias de cinéfilos verdadeiros. Vamos ocupar, resistir e fazer valer as mostras de cinema que estão rolando nesse Brasil.

Apesar da cultura cinematográfica ainda estar muito concentrada na região sudeste, é grave a ausência do cinéfilo nas mostras do eixo São Paulo-Rio de Janeiro. Contei muito rapidamente agora só neste mês mostras muito interessantes e relevantes no MAM (RJ), Cinemateca Brasileira (SP), CineSesc (SP), Caixa Cultural (RJ), Centro Cultural São Paulo (SP), Memorial da América Latina (SP), Instituto Moreira Salles (RJ), Cinusp/Maria Antônia (SP), Aliança Francesa (RJ), CCBB (SP), CCBB (RJ), Museu da Imagem e do Som (SP), Club Transatlântico (SP) e nos Sesc's São Paulo Ipiranga, Santana e Vila Mariana.

Uma pesquisa muito rápida já me deu todos esses estabelecimentos e, por isso, não posso generalizar dizendo que não há público e nem reduzir as mostras só ao eixo sudeste - Recife está aí para nos mostrar que o cinema nordestino é muito forte - mas este é o ponto: no nordeste ou no sudeste, cadê os cinéfilos verdadeiros?

Aproveitando o ensejo e já que estamos falando, em certa parte, de amor ao cinema, tenho que aqui expressar a minha imensa felicidade por ter sido um dos escolhidos da seleção 2014 para integrar a Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos (SBBC). Bastante respeitada e já com sete anos de vida, a SBBC foi criada com o objetivo de unificar e organizar os blogs de cinema, afim de adquirir respeito e reconhecimento pelos trabalhos feitos pelos blogueiros, que, claro, possuem bastante competência profissional e potência de influência. Criada pelos esforços de Otavio Almeida com a colaboração de Kamila Azevedo, atualmente a SBBC é composta por 78 membros. Em breve explicito mais novidades sobre as atividades da SBBC aqui no blog.

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