sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

2014 já começou!

2014 já começou e é um ano fresco, arejado, (o calor que anda fazendo por aqui pode me contradizer), pronto para superar o passado, enfim, livre. Quero dizer é que para mim em 2014 muita coisa vai mudar, ou melhor, já está mudando. Desde que fui morar em outro estado do Brasil no segundo semestre do ano passado tenho me dedicando exclusivamente aos estudos, mas não ando estudando apenas filosofia, que é minha graduação na UFF, tenho também estudado cinema. Estudado de verdade, com textos e filmes e, talvez o mais importante, com consciência madura sobre aquilo que estou estudando. E digo-lhes: nada melhor do que um estudo consciente.

Uma pausa breve: colocarei um breve trecho de um artigo do Inácio Araújo (crítico da Folha e ministrante do curso Cinema: História e Linguagem, em São Paulo). Leiam.

"(...) Não falo mais sobre isso. Não é um problema de opinião, de saber ou não saber, nada. É um problema civilizacional. O sujeito se vê não como o cidadão que, diante de um texto que o convoca, de um modo ou outro, a refletir, discordar, acrescentar algum conhecimento, etc.

Ele é diferente. Se não está de acordo com o número de estrelas que aparece lá ele se sente lesado em sua condição de consumidor. É nessa condição que ele escreve e se queixa: a opinião do crítico não bate com a sua, o crítico deveria estar de acordo com o espectador. (...)

E, em segundo lugar, o crítico não existe para estar atrás do leitor, mas, ao contrário, para antecipar-se a ele. Como é, supostamente, um especialista, dedica-se ao estudo daquilo, vê filmes constantemente, passados e presentes, lê textos a respeito, etc., ele é alguém que tem algo a ensinar ao leitor que aprecia aquela arte, mas de maneira esporádica, sem um compromisso maior. Ou, caso seja um espectador frequente, o crítico estará ao seu lado, é alguém com quem o leitor dialoga, discute, concorda, discorda, etc.

Resumindo: a crítica – como atitude diante do mundo – não é para consumidores, mas para cidadãos. E o mundo se desenha mais para consumidores do que para cidadãos. Azar o nosso. (...)"

Voltando...  Este trecho me ajuda a esclarecer o final do primeiro parágrafo e a importância de ter consciência. Ano passado eu participava dessa tal "crítica de cinema" que espalhava esse mal das estrelinhas e da famosa crítica "agradável" (que insistem em querer se igualar a esses consumidores enlouquecidos, insaciáveis, frenéticos). E já adianto-lhes: não sairei desse meio e já digo o porquê. Essas pessoas que fazem esse tipo de crítica, muitas vezes são pessoas com disposição a serem grandes profissionais, mas acabam entrando nesse mal e deixando-se consumir por esse ciclo vicioso, simplesmente por ser mais fácil, prático e por ter muito retorno. E eles, na maioria das vezes, não fazem isso por mal (existem as exceções), de modo algum, é que muitas vezes não conhecem o caminho para sair desse ciclo.

Mas o caminho é complicado: porque ele não é outro se não você mesmo. Quando cai a ficha e você tem consciência do que você está fazendo (foi o que eu aconteceu comigo), você tem que parar tudo e rever seus conceitos (para usar essa famosa expressão). Só que sair dele é difícil, leva tempo e dedicação. Requer estudos, disciplina e coragem. Não são todos que podem cumprir com tudo isso, mas digo-lhes - e perdoe-me pela contundência - que se você ama mesmo o cinema, se existe essa paixão incontrolável que você diz que existe, você terá todos os requisitos para sair desse mal.

Assim digo que continuarei a participar desse meio onde está essa tal "crítica de cinema" para converter meus colegas de profissão e tentar cortar o mal pela raiz. Posso não ter sucesso, mas certamente tentarei. Reservo, então, essas linhas para agradecer a todos que me mostraram a "luz", em especial Inácio Araújo (meu professor com muito orgulho e com o qual mantenho contato até hoje), e dizer que vocês conseguiram. Estou estudando muito e me dedicando a sétima arte, porque paixão é como vício e não vou deixar a sétima arte em paz - porque o conceito de paz nesse contexto não cabe: cinema se dá na confusão, na discussão, na discordância e na discrepância, na ação, na câmera e na luz.

Obs.1: Este é um discurso pessoal e não se dirige a todos que leem este texto.
Obs.2: Link para o texto completo de Inácio Araújo mencionado acima: http://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2013/04/01/critica-cidadaos-consumidores/

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